quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Reflexos


Palavras que não digo magoam.


O silêncio cortante que elas invocam deixam feridas abertas.


Cicatrizes cobrem meu corpo.


Belas formas melancólicas dançam um balé trágico em minha pele.


Os tambores soam alto somente aos meus ouvidos e anunciam o final trágico da coreografia.


Já não sou mais dona dos meus passos.


Apenas aguardo com uma temeridade ansiosa que o final se anuncie e o regresso se mostre.


Voltarei.


Sim, voltarei catando os cacos de vidro e as flores despedaçadas no caminho.


Pedaços de mim mesma que se espalharam de maneira desconexa.


Troféus de tudo que nego e que me machuca.


Mas respiro fundo e olho com compulsão e desprezo:


São apenas lembranças.
Não é só a cicatriz que identifica o ser amado
Cazuza

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Tears for fears


Fantasmas rondam meu quarto na madrugada.


Fantasmas sempre tiram meu sono.


É o temor que me assola.


Não aquele medo infantil do escuro.


Esse se esvaiu no exato momento em que conheci o silêncio e me encantei com a solidão.


Mas aquele medo velho e poeirento que habita em meus ossos.


O medo enfrentado todos os dias, como se ali nunca estivera presente.


O medo ignorado, perdido e cotidianamente reaprendido.


Agressividade, inércia, tristeza, euforias...


Onde mais ele vai se esconder??


"Nem sempre se vê lágrimas no escuro"
Lobão

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A Maruquinha


Pensem em uma situação normal:


Você no shopping, comprando um lanche distraidamente e eis que um desconhecido esbarra. Até aí tudo ok. Ele pede desculpas, você aceita e cada qual segue o seu caminho.




Bem, seria dessa forma se você não estivesse ao lado de uma baixinha que, sem perceber o que estava fazendo, olha com ar ameaçador e o dedo em riste para o pobre desequilibrado. Vale ressaltar que o pedido de desculpas não foi dirigido a mim, mas para a criatura que se acha maior que os seus meros um metro e... bem, deixemos esses detalhes de lado. rsrs




Aline é assim, uma menina fantástica, inteligente e meiga, que cativa com o sorriso mais lindo que já vi em minha vida, mas que também sabe ser uma fera quando necessário. Nunca vi uma teimosia tão fofa quando ela sabe que está certa. Companheira, leal e forte. Essa é a menina que conheci aos 7 anos de idade e que descubro a cada dia que passa.




Ela diz que a convivência comigo é um presente. E o que dizer do carinho, confiança e felicidade que sinto ao lado dela?? Impossível descrever como as suas maluquices e criatividade me divertem. Mais impossível ainda explicar como a gente se entende com um simples olhar, como a gente pensa as mesmas coisas (as vezes ao mesmo tempo) . Só sei dizer que tenho um amor imenso por ela e que desejo tudo de melhor e mais lindo que a vida possa proporcionar a essa bela menina e linda mulher.




"Eu gosto de você com uma força bruta que não entendo bem..."




Te Amo muito, minha Maruquinha.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Inútil Paisagem


E aqui termina a saga que não começou.

A saga das frases guardadas.

A saga do destino esquecido durante a caminhada.

Termina com todo o sentimentalismo barato de uma noite de lua cheia, que só aos poetas bêbados serve de inspiração.

Termina com toda a ânsia louca de não terminar.

A ânsia dos tolos.

E aos tolos só o desprezo deve ser devotado.

A concha espera pacientemente.

Posso sentir o seu olhar rondando.

Aguarda que a fonte seque.

Fujo e esse fugir já é o próprio retorno.

Encontro braços acolhedores e já não sei mais quem eu sou.

Sou o inverso de mim mesma.

Agora sou apenas silêncio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Roda Viva


Vontade de vagar a esmo tendo como companhia somente o silêncio.

Na mente só a lembrança do que não vivi.

A vida que não tive. O carinho que me foi arrancado.

A segurança amputada quando ainda não estava preparada para a vida.

Ainda não estou, mas isso não parece fazer muita diferença.

Não agora depois do caminho percorrido.

Em meio a tanta desolação meus olhos se fecharam.

Encontrei alegrias fulgazes.

Muitas pessoas ao redor. Euforia. Risos.

Vazio...

A liberdade estava em minhas mãos.

Quase uma vida toda devotada às responsabilidades do cotidiano.

Depois de concluidas as fases vem a merecida certeza da autonomia.

Será que me iludi em achar que estava apenas vivendo?

Difícil fazer escolhas quando seu mundo é só você mesma.

Nada te impede. Ninguém te condena.

Por dentro somente a vontade de se deixar levar.

É assim que se caminha em uma estrada sem sombras...

Passos perdidos te guiam.

Mas agora as luzes foram acesas e meus olhos rejeitam tamanha claridade e vastidão.

O solo é mais fértil do que eu pensava...

Tristezas, medos e angústias brotam como galhos de uma mesma árvore.

No meio do caminho ela se impõe, majestosa.

Sua sombra me convida, mas meus olhos seguem um único objetivo:

Paz.
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.
A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?
Chico Buarque.

sexta-feira, 27 de julho de 2007


É engraçado como a gente se descobre a cada dia.


Hoje, mais do que nunca, eu sei que não posso me negligenciar.


Ouço atentamente todos os meus anseios e vontades de forma despreendida.


Sei que pra ser feliz só preciso de paz. Aquela paz gostosa e melancólica que sinto quando escuto Bossa Nova.


As vezes acho que só preciso de Bossa Nova pra ser feliz.


Sei que tenho os amigos e que preciso deles para compartilhar todas as minhas alegrias e ouvir todos os seus problemas... As minhas angústias geralmente eu guardo só pra mim mesma. Mal de capricorniana.

Amigos e a minha família, meu porto seguro, meus amores. Acho que são os que menos sabem sobre mim, mas são os que mais me transmitem a força que preciso.

Tento todos os dias descomplicar cada vez mais a minha vida.

Hoje eu sei que não existe uma grande decepção, então não crio grandes expectativas. Apenas sigo concordando com tudo e duvidando de todos.

Aprendi que guardando as minhas opinões eu preservo meus ouvidos da mediocridade.

Apenas observo tudo com a calma que possuo. Ou acho que possuo.

Paciência é que mais tenho nessa vida e, enquanto a ansiedade me corrói as entranhas, eu apenas mantenho o olhar vazio.

Nem sei mais ao certo o que eu queria dizer com isso tudo...

Acho que era algo sobre felicidade.

Ah... nesse exato momento eu só queria um amor eterno que durasse até o dia amanhecer.

E Bossa Nova.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Lágrima Flor


Pensei em alguém e imaginei a nossa despedida.

Lágrimas vieram aos olhos, mas não nos meus.

De alguma forma assustadora eu não conseguia me ver chorando.

Me via apenas resignada.

Via os olhos dele lacrimejando.

E pensei que a lágrima era de alegria e de tristeza.

A alegria de conhecer e de se surpreender.

E a tristeza do adeus anunciando a saudade inevitável.

Sentia a mesma coisa.

Já derramei lágrimas de vários tipos e lavei o chão com emoções variadas.

Só eu conheço os frutos.

Só eu vejo a árvore.

Hoje as lágrimas já não descem mais.

Transbordam em lugares recônditos.

Tenho medo de ir até lá.

Medo de me afogar.

Medo de gostar...

Ando por caminhos secos.

Caminhos seguros e absurdamente inóspitos.

Caminho no escuro e com a consciência do mundo ao meu redor, viva.

Apenas tateio.

Alguém, por favor, acenda as luzes porque eu preciso mergulhar.

"I guess I'll drown in my own tears"


Chora, que é bom
Mas não deixa ninguém perceber
Pois a lágrima feita de amor
Vira flor pelo bem que ela faz


Billy Blanco - Lágrima Flor

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Viva São João!! (peripécias da festa junina)



Tudo começou assim:

Às 5h30 da sexta-feira o telefone de casa toca. Era a vizinha. Nervosa, pedia que eu acordasse meu cunhado, pois, segundo ela, tinha um ladrão no prédio e o mesmo já tinha tentado arrombar o seu apartamento. Ela queria que ele ligasse para a polícia. Me perguntei porque ela mesma não fazia isso, mas tudo bem.

Eu tinha acabado de acordar. Lu já estava à minha espera para seguirmos em direção a Coração de Maria e lá passarmos o São João.

Com toda a frieza que sempre tenho nesses casos, e ainda bêbada (de sono, vale ressaltar) acordei meu cunhado. Obviamente, fiquei impossibilitada de sair do apartamento pra não correr o risco de topar com o suposto ladrão, burro, diga-se de passagem, já que tinha conseguido a façanha de se prender dentro do prédio.

Logo pensei: "meu São João vai começar bem..."

Enfim, a polícia não tardou e descobrimos que o ladrão era, na verdade, um maluco que tinha pedido comida e uma moradora, sabidamente (essa sim) louca, abriu o portão pra ele. Não sei como o coitado ficou preso lá e ela não abriu o portão novamente.

Seguimos viagem. Lá chegando fomos fazer o famoso reconhecimento de área. Andando na rua ouvimos as piadinhas rotineiras e uma inédita:

- Tá passando aqui toda hora pra pirraçar, né, mainha?

Não sei ao certo com quem ele falou, provavelmente com as duas, mas a partir daquele momento Lu virou "a pirracenta".

Seguimos, rindo, e logo adiante eu ouço:

- Você é excitante!

O São João sempre me reserva surpresas. Ano passado descobri que eu tinha o "delineamento corpóreo" que o cara da mesa ao lado imaginava, ao me ver sentada.

Mas era era tudo que Lu queria...

Me sacaneou até não poder mais.

- Façamos um trato então, Lu, eu excito e você pirraça.

- Combinado. Fechô!

- Já é!

O dia transcorreu sem mais emoções e fomos nos aprontar pra festa.

Hora do banho. Assim que entrei no chuveiro, pensei: "Ok. Pode trazer o bisturi."

Aquilo não era um banho, era uma anestesia geral. Ainda olhei pra cima para ter certeza que água não caia em cubos.

Já devidamente trajadas, fomos pra rua.

A partir desse momento um fenômeno estranho começou a ocorrer: As mulheres olhavam pra gente com ar de desprezo e os homens pareciam nos enxergar nuas.

Diante desse fato, tudo transcorria dentro da normalidade possível, até que uma figura pitoresca e, talvez consciente do papel ridículo que desempenhava, cismou que eu ria dela.

-Rosana, a mulher tá vindo pra cá...

-É hoje!

Ela encosta.

-Você tá rindo de quê??

- Eu?!? De nada.

-Vai ser bom se eu quebrar a sua cara aqui agora?!? Vai ficar bonito pra você se eu quebrar a sua cara??

Ela só teve o meu silêncio como resposta. Foi embora e não pude conter o riso.

-Rosana, a mulher tá voltando...

-Aimeudeusdocéu!! Eu mereço...

Enquanto isso, já tinha platéia se formando ao nosso redor.

Ela volta com a mesma ladainha de que vai quebrar a minha cara, blá, blá, blá...

Novamente o meu silêncio foi a sua resposta.

Ousada como sou, continuei no mesmo lugar. Ela foi embora.

-Lu, lá vem ela de novo.

Ela passa com o celular na mão, tirando foto da gente, achando que estava disfarçando.

-Lu, a mulher sumiu. Acho melhor a gente ficar de olho na retaguarda... Vamos sair daqui.

Ultimamente, de forma inexplicável, minha retaguarda tem sido alvo de ameaças por parte de mulheres loucas. Já até me ofereceram luvas de boxe por um precinho camarada. Bem, mas essa já é uma outra história...

Saimos. E, como todo bom filme de terror que se preze, não tardou pra avistarmos de novo a mulher, na esquina, surgida do nada e olhando feio na nossa direção. E haja foto!!

-Rosa, vamos começar a posar pra foto?

-Deixa quieto, Lu. A mulher quer pegar a gente de galera. Vamo vazar.

Sumimos na multidão, pra decepção da criatura.

Dançamos boa parte do tempo, em meio aos meus tropeços na rua.

-Porra, meu pé não tem equilibrio nenhum!

-É, Rosa, eu sei que você é uma pessoa desequilibrada.

Bem, não foi bem isso que eu quis dizer, mas também não tive como negar esse fato. Acho também que ela não aceitaria uma explicação anatômica naquele momento.

E a gente andava, sendo constamente assediadas. Comigo a coisa era sempre pior.

- Rosana, você tá demais!

- O que eu posso fazer, Lu?!? Eu tô quieta, esses homens que são loucos. Diga a esse povo que eu tô basiquinha, por favor. (falando de forma bem afetada)

- Gente, Rosana tá basiquinha!(alto)

Ríamos e ela logo desistia. O assédio continuava.

- Amiga, não tem jeito... Você é d'Oxum! Não adianta estar basiquinha. Eles vão mexer do mesmo jeito.

- Ah... Então tá!!

E assim foi até irmos embora.

Hora de dormir. Começamos a conversar na cama e, de repente, solto a pérola:

- O mar está agitado.

- O quê?

Desperto. Sim, eu estava dormindo. Ou melhor... Eu estava em Salvador, na beira do mar.

- Porra, Lu, eu estava em Salvador!!

- Como assim?!?!

-É, eu estava em Salvador. Na orla. Ia entrar no mar, mas ele estava agitado.

- Agora você se teletransporta?? Da próxima vez me leve, viu??

Risadaria geral.

No outro dia decimos ir para Irará, a cidade vizinha, onde mora a minha avó e onde meu irmão estaria.

Era uma chance de matar a saudade dela e de Naizinho, que mora no RJ e, provavelmente, não o encontraria em Salvador dessa vez.

Fomos para o ponto pegar o buzu e ao longe avistamos uma figura carregando algumas folhas arrancadas com raiz e tudo.

Ele se aproximava. Com a sorte que eu ando ultimamente, tinha certeza que ele encostaria.

Ele passa pela gente e olha, justo pra minha cara, e faz sinal de legal com a mão. Respondi.

- Diga aí, meu velho!

Ele parou e tirou, até hoje não sei de onde, um biscoito recheado e ofereceu. Não aceitei.

Ele sentou e encostou na árvore.

-Vocês moram aqui em Coração de Maria?

Comecei a brincar.

- Moramos.

- Estão indo pra Mar...?

Luciana não aguentou.

- Pra onde?!?! Pra marte?

- É! Pra mar...

Até hoje não sei que diabos de lugar era aquele, mas confirmei. Ele aponta pra mim.

- Sou mais você pra tudo na vida. Você é mais esperta. Sou mais você pra namorar, pra casar, pra tudo. Você é mais preparada pra vida. A outra é gente boa, mas é mais devagar.

Lu se indignou.

- É assim, né?

- Você é gente boa, mas é devagar. Você só vai casar daqui a vinte anos. Você vai casar com vinte e cinco anos.

Eu ria. Aquilo era proposta de casamento pra mim e uma praga pra Lu, que só quer casar depois dos 30.

De repente ouço um arrocha tocando em algum lugar. Como sempre, brinquei balançando o corpo pra um lado e para o outro.

- Conheço de longe a mulher que sabe dançar.

- E eu sei dançar, meu amigo?

- Sabe. Sabe sim.

- Valeu.

Pedi pra tirar uma foto. Ele deixou.

O buzu chegou e até agora me arrependo de não ter perguntado o nome dele. Nos despedimos e ele sorriu.

Chegando na cidade minha avó não estava em casa. Tinha ido com meu irmão pra casa da família da esposa dele.

-É, Lu, o jeito é procurar um lugar pra beber enquanto esperamos minha avó chegar.

-É, vamos lá enquanto minha avó não chega.

- Como assim?!?! Você tem parente na cidade??

- Tenho. Minha avó.

- E como é o nome dela?

- Agora você me pegou... (risos)

Ela quer entrar pra família de qualquer jeito.

Caminhamos e uma criatura olha pra minha cara:

- Você olhou pra mim e eu olhei pra você. Foi amor à primeira vista.

Pronto! Daqui a pouco eu já tinha até casamento marcado e não sabia...

Fomos beber na praça.

Apareceram uns vaqueiros na mesa ao lado e Lu ficou noiva de um deles. Pena que até hoje ele não sabe disso...

Voltamos e encontramos minha avó com meu irmão.

Depois dos beijos e abraços, minha avó, pra variar, me leva pra fazer o costumeiro tour pelas casas de todos os primos e primas distantes que ela pensa que eu lembro. Não a desiludo.

- Lembra dela? É minha neta. Sua prima.

- Lembro sim! Tá sumida... Quem é vivo sempre aparece!!

- Como vai? Pois é... (sem graça e sem ter a menor noção de quem se trata)

Lu tomou logo ousadia com minha avó e as duas andavam abraçadas pela rua.


Hora de voltar pra Coração de Maria. Deixamos Irará já sentindo saudades. Lu, especificamente, com saudades do noivo vaqueiro que ela nem sequer chegou a conhecer.

Depois da anestesia geral fomos pra rua.Tomamos um susto. A cidade estava lotada!!

Matei a charada. Era dia de Silvano Sales, o rei do arrocha, auto intitulado "O cantor apaixonado".

Não poderia perder esse espetáculo por nada.

As cortinas do palco se abrem. Dançarinos vestidos de rosa, se rebolando, e os backing vocals (sim, ele tem backing vocals) faziam o coro: "Silvanos Sales, Silvano Sales, o cantor apaixonado"

Totalmente sem ritmo.

Entra o rei do arrocha, as mulheres gritam e a coreografia "come no centro"
Tronco para um lado, quadril para o outro, em sentido anti-horário, dá duas voltas, uma paradinha e volta o corpo para o outro lado.

Ao ver aquele espetáculo lembrei de um amigo que, muito sabiamente, uma vez me disse que algumas pessoas precisam fazer um planejamento familar antes de dançar arrocha acompanhado. Aquilo mostrou ser a mais pura verdade.

Fomos passeando e sobrevivendo aos empurrões enquanto entrava música e saia música e eu, simplesmente, não conseguia perceber mudanças significativas na melodia, sempre com aquele tecladinho ordinário ao fundo e a voz esganiçada do "cantor"(Eu tô careeeenteeeeeee/ Eu tôôô/ Eu tô careeeeeente do seu amooooooooor)

Haja paciência!!

Algumas pessoas me convidaram para dançar e eu, obviamente, recusei. Era demais para minha cabeça dançar arrocha com um total desconhecido.

Entra a outra banda. Karrascos do Forró. E realmente eles fizeram do palco um cadafalso e mataram o forró ali mesmo. Enforcado. Sem dó nem piedade.

A banda era péssima!!

Decidimos ir pra casa.

Voltaríamos pra Salvador no domigo, mas acabou não sendo possível.

Fomos para rua durante o dia e as bandas começaram a tocar cedo. Estávamos de bermuda, camiseta e sandálias havaianas.

- Lu, a gente já fica por aqui mesmo. Assim mesmo.

- Assim?

- É!

- Tá bom!

Ela, fácil, como sempre!

Dançamos forró ao som de músicas variadas, desde os mais sutis elogios às mulheres (dança piriguete/balança piriguete) até letras de profundo teor filosófico (se avexe nãããão/que amanhã pode acontecer tudo/inclusive nada)

Depois foi a vez do Pagod'art, uma banda de pagode.

Apenas cruzei os braços, encostei em um canto e observei, curiosa em saber o que acontecia com a coluna das pessoas ao fazerem aqueles movimentos.

O jeito foi apelar para a garrafa de licor.

Quando vimos que aquilo não acabaria tão cedo, jogamos a toalha, vencidas pelo ritmo e pelas coreografias indecifráveis.

Fomos pra casa.

Eu tropeçando, Lu me segurando e as duas cantando: "Nessa cidade todo mundo é d'Oxum"

Ríamos de tudo e de todos e, principalmente, de nós mesmas.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Para "O Misericordioso"


Queria ser capaz de te pedir desculpas pelos sete anos que convivemos, mas não consigo.

O fato é simples: não me arrependo de ter começado. Não sinto culpa por ter ido embora.


Apenas deixei de te amar.


É, eu sei que você achava que seria pra vida toda. Confesso que também acreditei nisso.


Não sei exatamente como nem quando aconteceu, mas um dia olhei para você e vi a sua presença refletir o tédio em mim. Depois veio o vazio.


Era eu ou você. A briga era injusta...


Não, não foi egoísmo, foi sobrevivência.


Queria ter raiva de você por você ter raiva de mim, mas vejo que não teria o menor sentido.


Te amei muito, me dediquei mais do que deveria, e tive como legado a sua mágoa e rancor.


Não entendo, mas respeito.


Também não entendo o meu desamor.


Acho que, simplesmente, acontece...

Esquece nosso amor, vê se esquece
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que já não sei mais amar
Vai chorar, vai sofrer
E você não merece
Mas isso acontece
Acontece que meu coração ficou frio
E nosso ninho de amor está vazio
Se eu ainda pudesse fingir que te amo
Ai, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo
Isso não acontece

Acontece - Cartola

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Hoje é o seu dia!!



Outro dia conheci uma menina.

Ela esteve sempre ali...

Achava legal, inteligente, mesmo não tendo intimidades. Simplesmente ela não me dava ousadia.

Um belo dia se descuidou... e agora tem a vida inteira pra se arrepender...

Ou não!!

Vimos que temos mais em comum do que imaginávamos. Virei sua assessora para assuntos amorosos, digitais e afins (assuntos diversos, como ela chama).

Ela virou uma amiga e um motivo de grande alegria em meio a tantas pessoas desprezíveis que nos cercam diariamente.

Meio lerdinha, as vezes, sempre digo que quanto mais eu ensino menos ela aprende.

Mas a verdade é que eu acho divertidíssimas todas as suas indagações, inclusive suas consultorias históricas:

-Ok. Agora vamos falar sobre a causa judaica.

- Causa judaica?!?! Mas hoje é sexta-feira!!

Ou então:

-Não entendi aquela frase no começo do documentário "O historiador é o rei, Freud é a rainha" O que siginifica?

-Ok, ok, pára tudo!! Como assim?!?! Estamos numa mesa de bar, porra! Depois explico.

Mas não tem saída... Ela não sabe, mas sou extremamente sensível ao seu jeito, digamos, meio sem noção...

Sempre digo para as outras pessoas que sou apaixonada por ela (no bom sentido, vale ressaltar).

Em breve faremos um curso de Kimbundu e um dia moraremos em Angola (vamos cuidar dos desvalidos, aplacar a fome e erradicar todas as doenças, são seus planos).

Sim, antes que alguém se pergunte, ela realmente acredita nisso...

Louca por chocolate, já virou obrigação compartilhar minha barra de Talento toda sexta-feira.

Como uma boa geminiana, tenho que aturar seus ciumes. Até que não são muitos... Confesso que acho bonitinho.

Confunde todos os ditos populares e letras de música.

- Os homens não choram... Ou seriam as rosas?!?

- Não, Thai... Meninos não choram, segundo o filme, e as rosas não falam, segundo Cartola

- Ah eh!

E assim por diante... Já me acostumei.

Enfim, a questão é que hoje é aniversário dela. Dois patinhos na lagoa...

Thai, só queria dizer que estou feliz por compartilhar esse momento de sua vida, me sinto realmente privilegiada por merecer sua atenção e carinho.

Te desejo toda a felicidade do mundo!!

Espero fazer parte desse seu universo encantador e poder sempre compartilhar suas alegrias e angústias com o mesmo empenho e dedicação.

Parabéns, amiga!!


Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece....
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Soneto de Aniversário - Vinicius de Moraes

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Saudades daquela que era sempre chamada de "minha". Hard Times...


A saudade chega sem aviso

De repente me vejo em posição fetal, chorando

Um choro doído que parece lutar para sair

Não, não luto contra

Aguardo anestesiada que ele cumpra sua missão

Depois ele vai embora, me deixando enebriada

E mais sozinha do que nunca...

Ele vai, zombando de mim

Quase posso ouvir o seu riso

Olho para a janela e vejo o sol; a vida batendo em minha cara

Olho pro espelho e vejo meu rosto manchado de lágrimas

Uma imagem há muito esquecida...

terça-feira, 12 de junho de 2007

Dori, a Dandalunda

Essa é Doroteia. Ganhei de uma amiga.

Ela me ajuda, com transmissões mediúnicas de pensamento, a fazer as transcrições paleográficas (esse é do sec. XVIII - minha paixão) ao som de Ray Charles (you know the night time, darling/is the right time/to be/whit the one you love now - inspirador...) e ao lado da minha inseparável garrafinha de água.
Valeu pela força, Dori.




segunda-feira, 11 de junho de 2007

Para ele




Eu tenho um vício. Confesso.

Esse vício tem nome, cor, cheiro...

Sou extremamente dependente das suas demonstrações de afeto.

Necessito de todos os seus apelos para ter a minha presença.

Ele é a minha droga, consumida sem restrições.

Overdose...

Noites mal dormidas, conversas enebriantes e saudades atenuadas.

Saudade do pouco que temos e das pouquíssimas vezes que nos vimos.

Saudade dos abraços prometidos e dos carinhos desejados.

Saudade do que nunca tivemos...

Minha droga.

Minha dose diária de morfina.

Sua voz; hora do dia em que respiro.

Seu toque; algum dia em que me perderei...

Meu ácido.

Um dia desses fico sem veias.


"Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados

Amamos, vagamente surpreendidos

Pelo ardor com que estávamos unidos

Nós que andávamos sempre separados
. "

Vinicius de Moraes.





Meu querido, obrigada por sua amizade e pelo nosso amor impossível.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Fluxo e refluxo da maré




Jantar: cerveja, conhaque e hi-fi

Café da manhã: aspirina

A vida é dura...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

A Queda


Esse meu imenso anseio de tudo sempre me condena à solidão.

Preciso me importar mais com os sentimentos alheios.

Erros. Muitos erros e apenas uma consciência capenga de atos impensados.

Talvez nem tão impensados, mas carregados de um desejo mórbido.

E ainda recebo aplausos de quem, no fundo, acha que a minha falta de sutileza é um prêmio para curar suas frustrações, decepções, amarguras e mais uma gama de sentimentos menos nobres.

Eu e minha sinceridade...

Não somos exemplo pra ninguém.

Sinto que estou perdendo a delicadeza.

Mas a verdade é que estou cansada de tanta mediocridade ao meu redor.

Doses diárias de banalidades, aplicadas na veia.

Me sinto entorpecida com tanta falta de criatividade.

Preciso respirar.


"Nada como um sorriso burro e paranóico para não perceber a velocidade terrível da queda."
Lobão.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Hug me


Nesse sábado o telefone tocou e uma voz empolgada do outro lado da linha disse: "Dosana, já cheguei de Sampa. Estou aqui no aeroporto, indo pra casa"
Fiquei feliz com o retorno mesmo sem nem ao menos saber que ele tinha ido... Enfim, acontece.
Depois das já tradicionais e necessárias palavras de carinho, além da fraterna troca da frase "te amo muito", fiquei sabendo que havia um presente pra mim. Um bichinho, teria dito ele.
"Não gosto de bichinhos", foi o meu primeiro pensamento.
No domingo recebo a visita e o prometido presente. Um garfield, pra variar, com um tímido pedido estampado em um coração: "abrace-me".
A sensação foi boa e ao mesmo tempo estranha. Haja visto a minha idade, nunca mais tinha recebido um "bichinho". Mais estranho ainda ganhar de meu irmão.
Mal de ser caçula. Mal de ter sido mimada.
Ainda bem.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Tinha bacalhau, mas onde estava a batata?



Resumo da sexta-feira:

Thai (esquerda), eu (no meio - lá ele!) e Pedro.

Achamos o bacalhau, mas faltou a batata.

A saga continua...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Nervosa Calmaria

Queria saber escrever. Muito.

Queria não acordar todos os dias com a sensação de arrependimento de algo que nem sei ao certo.
Três vezes na semana estaria ótimo.

Sinto que tudo que faço é mal feito.
Acho que sou uma farsa. Não queria ser uma farsa.
Algumas pessoas se iludem e há até quem jure que tenho talentos.
Acho que disfarço bem.

Queria a solidão.
Não a minha solidão diária, mas a plena ausência.

Queria companhia.
Queria não ter que me dedicar só a mim mesma e ainda sentir que falhei. Quem sabe um cachorro?
Não, amigos, não se empolguem, um pastor alemão seria a raça mais ideal.

Meu querido queria me ver todos os dias.
Não permito nem ao menos um. Queria ter coragem pra permitir.
Acho que é melhor assim. Só não sei exatamente pra quem...
Ultimamente tenho me especializado em carinhos virtuais.

Queria não ter tempestades silenciosas.
Seria bom de vez em quando ser capaz de compartilhar minhas emoções. Emoções contidas demais.
Um dia desses me permito.
Um dia desses explodo.
Ainda não decidi.

Enfim, estou aqui. Estou bem.
Na velha paz de sempre.
Paz? Não sei.
Silêncio.
Sim, o silêncio, minha nervosa calmaria.

Queria não só dizer essas bobagens sem muito sentido.

Queria saber escrever. Muito.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Memórias de um Bolinho de Bacalhau


Dedicado aos companheiros de copo, Thaís Seixas e Pedro Overbeck.

Que magia pode haver em um bolinho de bacalhau??
Alguns diriam que o bolinho de bacalhau é um ótimo tira-gosto, indispensável em uma mesa de bar.
Outros afirmariam que o sabor não lhes agrada e, enfim, melhor comer uma porção de batata frita.
Mas com certeza todos concordariam que não há magia alguma, apenas habilidades culinárias.
Sinto decepcionar, mas descobri que há uma variação muito mais saborosa do bolinho de bacalhau: o bolinho de batata com notas de bacalhau! Sim, bolinho de batata com suaves (bem suaves) notas de bacalhau.
Eis o seu segredo: essa variação pode unir pessoas.
O bolinho de batata com notas de bachalhau é capaz de revelar o quão agradável e inteligente é aquela pessoa a quem você antes dirigia um singelo e tímido "oi"
Com o bolinho de batata com notas de bacalhau senti como é maravilhoso ter uma amizade se consolidando a cada dia que passa.
E agora aconselho a todos que peçam, peçam não, exijam sempre essa iguaria no cardápio.
Deixem que o garçom traga o bolinho de bacalhau mas, no íntimo, sintam o gostinho da noite, sempre tão carregada de ludismo, do prazer das companhias e do despertar do respeito e admiração por aqueles que te cercam.
Vivam todas as mesas dos bares da vida e viva o bolinho de batata com suas extraordinárias notas de bacalhau!

quarta-feira, 25 de abril de 2007

No One Knows Better Than I

Ray Charles - Hard Times

My mother told me
Before she passed away
Said: son, when I'm gone

Don't forget to pray
'Cause there'll be hard times
Lord, those hard times
Who knows better than I?
Well I soon found out
Just what she meant
When I had to pawn my clothes
Just to pay the rent
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?
I had a woman
Who was always around
But when I lost my money
She put me down
Talkin' 'bout hard times
Yeah,yeah, who knows better than I?
Lord, one of these days
There'll be no more sorrow
When I pass away
And no more hard times

Ouvi essa música insistemente em meu player sem saber ao certo o motivo.
Só depois percebi como a primeira parte dela me toca profundamente.
Não por acaso...

My mother told me
Before she passed away
Said: son, when I'm gone
Don't forget to pray
'Cause there'll be hard times
Lord, those hard times
Who knows better than I?

Uma vontade enorme de chorar, esperando um colo que nunca vem...
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?

Ter apenas 17 anos e o mundo inteiro pra te engolir...
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?


Seguir em frente sem um porto seguro, sem o amor incondicional...
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?

Não ter alguém pra se preocupar verdadeiramente com as suas angústias...
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?

Não ter quem se orgulhe das suas conquistas...
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?

Não ter alguém pra condenar os seus erros e fazer você baixar a cabeça...
Talkin' 'about hard times
Who knows better than I?


Lord, one of these days
There'll be no more sorrow
When I pass away
And no more hard times

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Vitamina de Banana

De manhã fiz vitamina de banana para meu amor.
Não sei fazer vitamina de banana.
Não estava com ele.
Nunca fui na casa dele.
Não sei onde ele mora.
Odeio vitamina de banana.
Ele disse que tava gostosa.
:-)

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Chocolate para o meu amor.

Essa noite fui acordada com beijinhos virtuais.
Beijinhos virtuais mandados por um menino bobo que me ama tanto quanto é amado.
Um menino bobo que disse que queria pular a janela do meu quarto (ai, ai...).
Pobre menino bobo que insiste em desejar o que eu prefiro evitar...
À você, menino bobo, ofereço a paz e o inferno de não conhecer os meus beijos.
Te presenteio com minhas madrugadas e dedico, com carinho, as minhas olheiras.
Ofereço minhas mãos em seus ombros, o toque dos meus dedos em seus olhos e o meu sorriso descontraído enquanto caminhamos pelas ruas.
Mas já a minha boca... Deixarei que ela o beije somente com palavras.


terça-feira, 10 de abril de 2007

...

Ontem mandei que uma pessoa fechasse os olhos e me deixasse guiá-la pela rua.
Como um bom menino obediente ele fechou os olhos, mas estendeu os braços à frente, na tentativa de tatear o vazio.
Imediatamente perguntei, cheia de malícia:
- Então não confia em mim?
Seu olhar revelador transmitiu todo o entendimento do meu gesto manipulador e da minha pergunta nem um pouco inocente.
Nada foi dito.
E assim somos feitos; poucas palavras, muitos olhares.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Ao Malandro


Meu amor, tenho tantas coisas pra dizer... mas parece que elas só fazem sentido no silêncio. Será que se eu apenas recostasse minha cabeça em seus ombros você entenderia tudo que eu não dissesse?
Será que você conseguiria perceber o quão contraditória eu sou e estou, demasiadamente, nesse momento?
Você ouviria, no meu silêncio, que sinto saudades?? Saudades já tão adormecidas e quase tão velhas quanto eu que já nem lembro ao certo de quê, mas que elas são tão reais que sinto uma pontada latente a todo instante? É, meu amor, "a verdade é que cidade ficou longe..."
Você entenderia, meu amigo, que sou apenas uma menina frágil e ao mesmo tempo teimosamente forte e geniosa?
Você saberia responder, quando o meu silêncio perguntasse, por que gosto tanto da solidão?
Têm passado pela minha vida muitas mulheres enfadonhas e alguns homens vazios, nada tenho para lhes oferecer, não posso refletir a ausência, só sei dar o que as pessoas garimpam em mim, de resto elas apenas me entediam e fazem com que me sinta burra. Então você compreenderia o sopro de vida que agora representa pra mim se eu apenas te desse um abraço?
Você perceberia que tem um choro preso em mim que nunca se liberta, por mais que eu tente?
Ele convive comigo, é quase um companheiro fiel, mas insiste em não revelar suas lágrimas, em não mostrar sua fraqueza.
Já cansei de lutar contra ele e, na verdade, já me acostumei ao olhos sempre secos.
Mas não sou uma rocha, como geralmente as pessoas me julgam.
Ah, se elas soubessem o quanto sinto falta em alguns momentos, se elas soubessem que o que admiram e invejam em mim é fruto de uma estrada sem sombras...
Mas tenha calma, amigo, eu também diria a você, no meu silêncio, que eu amo a vida, amo a beleza de uma tarde de verão, adoro a vastidão solitária do mar quase tanto quanto adoro a energia do sol, a emoção do primeiro beijo, o sorriso de uma pessoa amada e, diria também, que me considero uma pessoa feliz.
Mas, enfim, acho que isso era tudo que eu queria não te dizer.
Beijos de pétalas, da sua Flor.

sábado, 7 de abril de 2007

Será que a gente é louca ou lúcida?



Dia estranho, pensamentos desconexos e sentimentos contraditórios.
Ou seja, receita para o tédio!
Vontade de vagar ouvindo músicas, transformar toda a minha vida em uma melodia vibrante e desafinada composta para uma letra triste.
Poderia ser um Jazz, com um piano executado por dedos ágeis, expressando toda a minha ânsia de explosão, ao lado de um sax imponente gritando todas as minha angústias e desesperos.
Mas, ainda, talvez fosse a minha vida um samba com toda a sua cadência mimosa, sua malandragem, no qual um pandeiro comandaria toda a minha paixão pelo prazer, pela vida e pela liberdade.
Ou quem sabe seria a minha existência um Rock in'Roll, com suas guitarras nervosas e toda a verborragia e melancolia tão condizentes com meus dias de solidão e carência...
Alguns, com certeza, diriam que a minha vida é uma música Pop; simples, bonitinha, sem maiores complicações, em que se pode ouvir um contrabaixo elétrico bem calmo, quase imperceptível, mas fundamental para a harmonia da composição pacífica e conformista.
Mas, na verdade, acho que minha vida seria um Choro.
Sim, um Choro.
Um Choro redentor e silencioso, sem flautas, violão, cavaquinho ou bandolim.
E assim, já despida de todos os instrumentos, eu seria a minha própria banda e esse Choro, um lamento e esse lamento, só meu.
Aliás, acho que esse Choro sou eu.