segunda-feira, 9 de abril de 2007

Ao Malandro


Meu amor, tenho tantas coisas pra dizer... mas parece que elas só fazem sentido no silêncio. Será que se eu apenas recostasse minha cabeça em seus ombros você entenderia tudo que eu não dissesse?
Será que você conseguiria perceber o quão contraditória eu sou e estou, demasiadamente, nesse momento?
Você ouviria, no meu silêncio, que sinto saudades?? Saudades já tão adormecidas e quase tão velhas quanto eu que já nem lembro ao certo de quê, mas que elas são tão reais que sinto uma pontada latente a todo instante? É, meu amor, "a verdade é que cidade ficou longe..."
Você entenderia, meu amigo, que sou apenas uma menina frágil e ao mesmo tempo teimosamente forte e geniosa?
Você saberia responder, quando o meu silêncio perguntasse, por que gosto tanto da solidão?
Têm passado pela minha vida muitas mulheres enfadonhas e alguns homens vazios, nada tenho para lhes oferecer, não posso refletir a ausência, só sei dar o que as pessoas garimpam em mim, de resto elas apenas me entediam e fazem com que me sinta burra. Então você compreenderia o sopro de vida que agora representa pra mim se eu apenas te desse um abraço?
Você perceberia que tem um choro preso em mim que nunca se liberta, por mais que eu tente?
Ele convive comigo, é quase um companheiro fiel, mas insiste em não revelar suas lágrimas, em não mostrar sua fraqueza.
Já cansei de lutar contra ele e, na verdade, já me acostumei ao olhos sempre secos.
Mas não sou uma rocha, como geralmente as pessoas me julgam.
Ah, se elas soubessem o quanto sinto falta em alguns momentos, se elas soubessem que o que admiram e invejam em mim é fruto de uma estrada sem sombras...
Mas tenha calma, amigo, eu também diria a você, no meu silêncio, que eu amo a vida, amo a beleza de uma tarde de verão, adoro a vastidão solitária do mar quase tanto quanto adoro a energia do sol, a emoção do primeiro beijo, o sorriso de uma pessoa amada e, diria também, que me considero uma pessoa feliz.
Mas, enfim, acho que isso era tudo que eu queria não te dizer.
Beijos de pétalas, da sua Flor.

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