segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cuide de Você



Recebi uma carta de rompimento.

E não soube respondê-la.

Era como se ela nao me fosse destinada.

Ela terminava com as seguintes palavras: “Cuide de você”.

Levei essa recomendação ao pé da letra.

Sophie Calle

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Hope Mountain




Na cabeça imagens sufocantes florescem.

Incapacidade de libertar meus pensamentos daquilo que me enfurece e paralisa.

Onde foi parar aquele lugar feito de silêncio e solidão?

Por mais que eu me encolha não consigo encontrar o caminho.

Na minha frente apenas uma ponte caída.

Em cada pedra o sinas da angústia e em cada graveto um espinho para os pés.

Marcas dos atalhos rasgando a pele.

Vestígios da dor que sangra e liberta, como um parto.

Expurgo os sentimentos impuros da mente atormentada.

A luz dilacera meus olhos e eles renascem inchados de lágrimas ao sol.

Hope mountain is the place where the people come to cry
Antony and The Johnsons.






quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Reflexos


Palavras que não digo magoam.


O silêncio cortante que elas invocam deixam feridas abertas.


Cicatrizes cobrem meu corpo.


Belas formas melancólicas dançam um balé trágico em minha pele.


Os tambores soam alto somente aos meus ouvidos e anunciam o final trágico da coreografia.


Já não sou mais dona dos meus passos.


Apenas aguardo com uma temeridade ansiosa que o final se anuncie e o regresso se mostre.


Voltarei.


Sim, voltarei catando os cacos de vidro e as flores despedaçadas no caminho.


Pedaços de mim mesma que se espalharam de maneira desconexa.


Troféus de tudo que nego e que me machuca.


Mas respiro fundo e olho com compulsão e desprezo:


São apenas lembranças.
Não é só a cicatriz que identifica o ser amado
Cazuza

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Tears for fears


Fantasmas rondam meu quarto na madrugada.


Fantasmas sempre tiram meu sono.


É o temor que me assola.


Não aquele medo infantil do escuro.


Esse se esvaiu no exato momento em que conheci o silêncio e me encantei com a solidão.


Mas aquele medo velho e poeirento que habita em meus ossos.


O medo enfrentado todos os dias, como se ali nunca estivera presente.


O medo ignorado, perdido e cotidianamente reaprendido.


Agressividade, inércia, tristeza, euforias...


Onde mais ele vai se esconder??


"Nem sempre se vê lágrimas no escuro"
Lobão

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A Maruquinha


Pensem em uma situação normal:


Você no shopping, comprando um lanche distraidamente e eis que um desconhecido esbarra. Até aí tudo ok. Ele pede desculpas, você aceita e cada qual segue o seu caminho.




Bem, seria dessa forma se você não estivesse ao lado de uma baixinha que, sem perceber o que estava fazendo, olha com ar ameaçador e o dedo em riste para o pobre desequilibrado. Vale ressaltar que o pedido de desculpas não foi dirigido a mim, mas para a criatura que se acha maior que os seus meros um metro e... bem, deixemos esses detalhes de lado. rsrs




Aline é assim, uma menina fantástica, inteligente e meiga, que cativa com o sorriso mais lindo que já vi em minha vida, mas que também sabe ser uma fera quando necessário. Nunca vi uma teimosia tão fofa quando ela sabe que está certa. Companheira, leal e forte. Essa é a menina que conheci aos 7 anos de idade e que descubro a cada dia que passa.




Ela diz que a convivência comigo é um presente. E o que dizer do carinho, confiança e felicidade que sinto ao lado dela?? Impossível descrever como as suas maluquices e criatividade me divertem. Mais impossível ainda explicar como a gente se entende com um simples olhar, como a gente pensa as mesmas coisas (as vezes ao mesmo tempo) . Só sei dizer que tenho um amor imenso por ela e que desejo tudo de melhor e mais lindo que a vida possa proporcionar a essa bela menina e linda mulher.




"Eu gosto de você com uma força bruta que não entendo bem..."




Te Amo muito, minha Maruquinha.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Inútil Paisagem


E aqui termina a saga que não começou.

A saga das frases guardadas.

A saga do destino esquecido durante a caminhada.

Termina com todo o sentimentalismo barato de uma noite de lua cheia, que só aos poetas bêbados serve de inspiração.

Termina com toda a ânsia louca de não terminar.

A ânsia dos tolos.

E aos tolos só o desprezo deve ser devotado.

A concha espera pacientemente.

Posso sentir o seu olhar rondando.

Aguarda que a fonte seque.

Fujo e esse fugir já é o próprio retorno.

Encontro braços acolhedores e já não sei mais quem eu sou.

Sou o inverso de mim mesma.

Agora sou apenas silêncio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Roda Viva


Vontade de vagar a esmo tendo como companhia somente o silêncio.

Na mente só a lembrança do que não vivi.

A vida que não tive. O carinho que me foi arrancado.

A segurança amputada quando ainda não estava preparada para a vida.

Ainda não estou, mas isso não parece fazer muita diferença.

Não agora depois do caminho percorrido.

Em meio a tanta desolação meus olhos se fecharam.

Encontrei alegrias fulgazes.

Muitas pessoas ao redor. Euforia. Risos.

Vazio...

A liberdade estava em minhas mãos.

Quase uma vida toda devotada às responsabilidades do cotidiano.

Depois de concluidas as fases vem a merecida certeza da autonomia.

Será que me iludi em achar que estava apenas vivendo?

Difícil fazer escolhas quando seu mundo é só você mesma.

Nada te impede. Ninguém te condena.

Por dentro somente a vontade de se deixar levar.

É assim que se caminha em uma estrada sem sombras...

Passos perdidos te guiam.

Mas agora as luzes foram acesas e meus olhos rejeitam tamanha claridade e vastidão.

O solo é mais fértil do que eu pensava...

Tristezas, medos e angústias brotam como galhos de uma mesma árvore.

No meio do caminho ela se impõe, majestosa.

Sua sombra me convida, mas meus olhos seguem um único objetivo:

Paz.
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.
A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu?
Chico Buarque.